Ontem fizemos um piquinique na Pedra Redonda, na beira do Lago Guaíba.
Levamos algumas frutas da estação - morangos, ameixas e uvas - , sanduíches e um espumante bem geladinho.
Júlia curtiu banhar-se n'água límpida. Fizemos uma brincadeira que eu e meus irmãos inventamos na Barra do Fão, há uns quarenta anos. Encostamos a superfície da orelha na lâmina d'água, enquanto o outro batia, uma contra outra, duas pedras redondinhas e lisas, provocando um som celestial.
Havia tudo o que um convescote merece: nuvens plúmbeas ameaçadoras ponteando no horizonte, formigas e cães espichando o faro na direção da cesta de acepipes.
"É verdade, pai, que os espíritos preferem águas paradas, como esta?" - Júlia, virando o queixo para o Morro do Osso.
"Não. E, mesmo que fosse, os espíritos indígenas, se estiverem por aqui agora, certamente vieram buscar o mesmo que nós: liberdade e prazer junto à Natureza. Fiquem à vontade, senhores fantasminhas" - respondi.
Pescamos algumas trairinhas à tarde, que foi de sesta à sombra de uma figueira centenária.
À noitinha, voltamos pra casa de bicicleta, na ciclovia cercadinha, dividindo os automóveis dos pedalantes.
Sabadão maravilhoso em Ipanema, nesse escaldante verão de 2014.
Depois que o mundo não terminou em 2012, aproveitamos cada dia de sol ou chuva, agora que o Guaibão está limpo.
Lembrei de um filme que vi há uns três ou quatro anos - "A ORIGEM", em que o Di Caprio tentava esquecer, nos seus sonhos, da esposa morta. Eu, com a minha bem viva, agora realizo meus sonhos mais secretos. Na película, o protagonista contrata uma arquiteta para definir lays outs oníricos. O meu, fui eu mesmo quem criou, nos sonhos que vivi acordado.
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